29 outubro 2007

Ontem, passei por ti.
Ias na rua,
mas não deste por mim.
E eu, sem reparar fiquei ali especado só a ver-te passar.
Enquanto passavas não me cansei de olhar,
mas não tive a coragem para te chamar.

Só depois é que percebi que era melhor ter chamado por ti
Mas eu, eu nem sequer pensei,
e talvez por vergonha é que não te chamei.

Fiquei arrependido,
fiquei com a impressão de não ter conseguido,
mais uma vez, sair de mim.
Arriscar um bocado,
e chamar por ti.

28 outubro 2007

Olhares


O site " Olhares" como já alguns devem saber é um magnífico site de fotografia onde todos os fotógrafos podem publicar as suas fotografias e pô-las à disposição de todos. Eu já o usie muitas vezes para ilustrar alguns posts, mas agora é formal que o vou tentar usar cada vez mais! Cada fotografia vem assinada com o respectivo fotógrafo ( se ele quiser) portanto, se acharem bom podem pesquisar sobre ele que deverão encontrar mais fotografias dele!

manifesto

Já há algum tempo que penso que, de facto, não faz sentido nenhum haver um insulto que chama a pessoa anormal, fora do comum, desde quando é que isso é mau? É bom ser a ovelhinha branca e fazer tudo o que me mandam sem sequer pensar se está bem ou mal? Será que é bom não trazer nada de diferente às pessoas, ter um comportamento dito normal? Não acho que não haja um comportamento aceitável, claro que há, claro que não se devem fazer certas coisas, mas a hipocrisia das pessoas que se dizem normais é que me impressiona!

É por isto que muitos actos, que na minha opinião não são correctos para uma vida em sociedade, deixaram de ser segredo ou tabú! Será que as pessoas não percebem que o que interessa não é passar a fazer as coisas más à frente de toda a gente, é deixar de as fazer só assim se combate a hipocrisia, porque se essas coisas fossem boas de fazer não seria hipocrisia escondê-las por trás de um comportamento normal!

11 outubro 2007

A lembrada canção,
Amor, renova agora
Na noite, olhos fechados, a tua voz
Dói-me no coração
Por tudo quanto chora.
Cantas ao pé de mim, e eu estou a sós

Não, a voz não é tua
Que se ergue e acorda em mim
Murmúrios de saudade e de inconstância,
O luar não vem da lua
Mas do meu ser afim
Ao mito, à mágoa,à consciência e à distância.

Não, não é o teu canto
que como um astro ao fundo
Da noite imensa do meu coração
Chama em vão, chama tanto...
Quem sou não sei... e o mundo?
Renova, amor, a antiga e vã canção.

Cantas mais que por ti,
Tua voz é uma ponte
Por onde passa, inúmero, um segredo
Que nunca recebi -
murmúrio do horizonte,
água na noite, morte que vem cedo.

Assim, cantas sem que existas.
Ao fim do luar pressinto
Melhores sonhos que este da ilusão.


1-1-1992 Fernando Pessoa, Poesia- I

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