31 janeiro 2008

o que eu gosto

faz qualquer coisa andar às cambalhotas na barriga, faz com esse qualquer coisa corra até há boca onde rasga um riso pequeno, e ainda faz com que o qualquer coisa chegue à cabeça onde se transforma em esperança.

29 janeiro 2008

Trata de ti

Se me queres mostrar que é isso que queres;
Queres que aconteça mesmo que não o esperes.
Dá-me a volta, pois eu não deixo de pensar
Que o que queres é ter algo para me dar.

Sê alguém, pareces indiferente!
Como queres ver para o lado, se não vês para a frente?
Antes de tentares sequer olhar para mim,
Vira-te para dentro e trata de ti.
Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.

Minha locura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem loucura que é o homem
Mais que a besta sadia
Cadáver adiado que procria?


Fernando Pessoa, Mensagem

28 janeiro 2008

É loucura, ouço dizer
Mas bendita esta loucura de cantar e de sofrer.

Loucura, Mariza

andas perdida de mim

como é que eu me vou agarrar à tua mão? eu sei que tenho, que é bom para ti, mas principalmente para mim. o problema é que não sei quem és e não sei se sou eu que te tenho de escolher. se for, vai ser complicado, eu só sei pintar tudo e todos de preto, provavelmente para tentar fazer contraste com o meu insignificante cinzento (escuro). pois, já sei. os outros também são cinzentos, provavelmente até mais claros do que eu, mas eu não quero ver e não vejo.vais aparecer e eu não te vou ver. mas eu quero a tua mão, independentemente de quem sejas. não escondo que tenho medo de não te saber escolher, não escondo: sou medroso. sei que tenho de perceber que não tenho de te salvar, mas que tu tens me salvar a mim, porque eu estou sujo, usado e frio. quero tanto e preciso tanto, tanto. não há nada que custe mais que reter tudo cá dentro, tudo encaixotado no coração, já tão pesado e saturado de sofrer que já não cabem mais sorrisos. perciso tanto de ti e da tua mão, para que possa agarrar o braço e encostar a cabeça. hoje, encosto a cabeça na almofada molhada de lágrimas e ninguém percebe, ninguém percebe, só tu, que andas perdida de mim, que não te queres mostrar. eu sei que mais tarde ou mais cedo a queda vai ser maior, que nem lágrimas vão correr, que não vai haver força para chorar e é por isso que anseio tanto chegues. que me esvazies o coração cheio e sujo, que mo enchas de ti até rebentar de tanto amor.

23 janeiro 2008

o Amor e o Mundo # 2

il macchinista disse:
o amor não tem tamanho, é pleno, infinito. o mundo, pelo contrário, é tão pequeno quanto a sua finitude. nada pode o mundo contra o amor. não te preocupes. quanto às palavras, também elas não morrem. basta não ter medo delas.


eu, ainda sou pequeno, e penso nalgumas coisas. mas, nem sempre são as mais certas. aqui está a prova que as opiniões podem mudar a maneira de vermos as coisas, porque nunca pensamos em todas as hipóteses (principalmente eu, o pequeno).

Obrigado

aii! ( depois de uma ameaça de bomba no metro)

Dizem que tudo começou com BIG BANG, mas eu tenho é medo que tudo acabe ao BANG BANG.

22 janeiro 2008

Entrou no Metro, o som pesado das carruagens a chegar misturou-se com a música libertina e arrojada dos seus fónes.Era róque. Entrou no transporte com a sua maleta de couro que parecia trazer alguma espécie de instrumento musical. Depois de pecorrer o seu caminho amarelo e verde saltou para a rua. A música não tinha ainda parado de encher-lhe os ouvidos. De repente avistou o escuro daquelas ruas que o faziam suar. Escalando a calçada viu o suícidio do chimpazé ao som de uns Strokes. Continuava a subir e agora a sua maleta musical estava mais pesada. Entrou no edificio para onde se dirigia balbuciando um bom-dia que se perdeu dentro da música que o enchia, ao qual lhe ladraram outro, sem que se apercebesse. Subiu as escadas e reparou que estava atrasado. Apressou-se para a sala 306, entrou, desligou as guitarras electricas distorcidas, abriu a maleta, tirou o clarinete, e preparou-se para interpretar a peça em Sim.

14 janeiro 2008

o Mundo e o Amor

já não tenho mais dúvidas. o Mundo que parecia, há uns tempos, tão bom já não o é. este Mundo do nosso tempo, e já não tenho dúvidas, é um homicida, um assassíno. já matou, enforcou, esfaquiou, torturou. finge, mente, controla, e tem todo o poder. na sua lista de vítimas estão as palavras, que matou banalizando-as, fazendo com que o seu sentido reduzisse de tamanho e de importância. as palavras já não querem dizer nada, nunca ninguém vai conseguir dizer o que sente, é impossível, as palavras estão mortas. Foram mortas por este Mundo, pelo "normal", pelo "grátis", pelo "instantâneo".
este Mundo tem medo do eterno.
Venho, então, comunicar-vos qual é a proxima vítima deste Mundo, a derradeira vítima: o Amor. se o Mundo conseguir matar o Amor não sei o que será dele. e junto com ele, não sei o que será de nós. o mais preocupante é que o plano do homicídio já começou: o amor é bom, diz o Mundo, o que é bom não causa problemas, logo numa relação onde haja problemas não há Amor. o Amor, tal como tudo, diz o Mundo, é uma "cena" do momento. o Amor, diz o Mundo, é para proveito pórprio. o Amor pode ser rejeitado. o Amor é uma questão de sorte. o Amor é encontrar o parceiro ideal, com o corpo ideal, com a personalidade ideal. o Amor é a satisfação de uma necessidade afectiva. o Amor é a química. o Amor é um prémio. o Amor é sexo.
aí este Mundo! este Mundo que matou as palavras, que proclama o banal, e que pelas tardes vê a MTV.
Eu não vou deixar, não posso deixar, tenho de me fazer ouvir, tenho de me fazer ouvir! Eu não sei existir sem Amor, eu não vou deixar que o matem! O Amor que não posso definir, com medo de me encontrar fruto do Mundo.
ó Mundo, não vais vingar sem Amor, não vai haver pessoas, vão haver corpos, não vai haver vida, vai haver movimento mecânico, não vai haver nada, nada! tu próprio vais morrer.
e tudo isto, porque tens medo do eterno.

Janela

Depois de ver vários blogues de diários gráficos decidi fazer uma experiencia... é o primeiro(desenho) no cenas e esperemos que não seja o único.








10 janeiro 2008

Gritar

Porque não podia gritar para fora , gritei para dentro de mim. gritei e ninguem me ouviu; não queria que ouvissem, não me podiam ouvir. estava demasiado só para me fazer ouvir. sentia-me demasiado pequeno e fraco ao lado daqueles gigantes desconhecidos (que me assustavam) para mostar o que eu sou.

09 janeiro 2008

O Jogo é daquelas músicas que nos obrigam a repirar fundo quando acabam...
Fui tão criado para a felicidade, como fui para a perfeição.


Nota: a partir de uma frase de " a oração do pobre" em http://www.toquesdedeus.blogspot.com/

06 janeiro 2008

ninguém me quer dizer o que é o amor?

(poesia não vale!)

e por agora não há mais nada a dizer.
o pior é que também não há nada a fazer.

05 janeiro 2008

03 janeiro 2008

Vou pela estrada menos percorrida, não tenho medo de perder!

clube dos poetas mortos

Fui para os bosques para viver livremente,
para sugar o tutano da vida,
para aniquilar tudo o que não era vida,
e para, quando morrer, não descobrir que não vivi.

Thoreau

2007, a descoberta

















bom ano!

Cantiga de Amor

pois, se calhar não passa disso mesmo,
se calhar nunca te vou ver porque não existes,
eu só me levo por esta linha em que tu és
impossivelmente perfeita, se calhar.

é possível que vá sofrer para sempre,
por não te ter, por ser eu a tentar humanizar-te,
posso te ver só ao longe, posso nem te tocar,
posso não te conhecer, porque não existes.

mas eu vou acreditar, só (talvez cegamente) acreditar
que hás de chegar,
e que aí se verá o que é o amor

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