28 abril 2008

26 abril 2008

sem jeito, noutras palavras

a vocação de gritar e a rouquidão crónica.

22 abril 2008

quero mergulhar e nadar de olhos abertos.

21 abril 2008

Desafio

Desde há muito tempo que ando a pensar nisto: O que leva as pessoas a escrever num blogue?
E hoje lembrei-me de uma discussão que dois amigos meus tiveram acerca deste tema, por isso lanço o desafio a todos os autores de blogues que queiram comentar.

O que é me faz escrever num blogue?

não, não é só mais um dia mau

é um dia que pára o sangue de correr, numa morte tão dura que nem chega a matar. um silêncio que espera pela noite para garantir que está sozinho, sentado, com o candeeiro aceso, em cima da cama. e não quer dormir. sabe que está cansado, mas não quer dormir. (porque o dia foi mau, espera-se muito da noite.) e no fim? uma noite preta passada em branco, para que no próximo dia o cansaço seja mais um obstáculo ao sangue a correr. depende da força, agora: bom ou mau?

As mãos suam a barriga dói o corpo treme, de medo, de frio. A boca seca a respiração falha a cabeça fervilha. O público aplaude, a banda entra.

leva-me

Leva-me,
leva-me pela tua dor,
pelos teus caminhos desmedidos,
insanos!
Leva-me ao colo, com o teu cuidado,
encontro-me entregue a ti.
Não estou cansado de andar por mim,
não.
Só quero arder em ti.
Consumir-me por ti.
E no fim, em silêncio,
ajuda-me a permanecer pcarecido contigo.
E a perceber que vale a pena.

20 abril 2008

chorar não é verter lágrimas. é ver um mundo onde não há espaço para nós. olhar para mim e ver o escuro inútil. é a vitória da doença que vai ficar, sempre por aí. chorar é ver. e só ver.

a dificuldade de receber

Fui ontem dar as "sobras" de uma festa ( que não eram nada poucas! ) aos sem-abrigo. Metemo-nos no carro e estivemos a andar por Lisboa a distribuir pão, batatas fritas, sumos e água às pessoas que mais precisavam. Havia dois tipos de pessoas: as que recebiam e agradeciam a comida; e as que, por orgulho, recusavam a nossa ajuda. Este último "comportamento" foi o que me chamou mais a atenção.
Pessoas que tanto precisam a recusar comida e água é uma atitude tão estranha quanto humana. O ser humano é um ser orgulhoso por natureza, que dificilmente se deixa ser ajudado e melhorado pelos outros. Desde o princípio da história que o homem quis ser o "mais-que-os-outros"... E depois , na estúpida euforia de se ser o vencedor, começam as não menos estúpidas comparações entre pessoas. Comparações que tentas vezes levam a situações como a do sem-abrigo que não aceita um pão porque se está a "rebaixar" em relação ao outro.
Foi isto que pensei ontem; que é muito mais difícil deixarmo-nos ser ajudados do que ajudar. Mais que não seja pelo nosso tão errado pensamento de que a pessoa que dá tem de estar no "nível" acima da que recebe.

18 abril 2008

Passeio

Nós podemos ser o quisermos. Arder e transformarmo-nos. Podemos ser o que quisermos. Se quiseres ser pintor, sê-o. Se quiseres ser músico, sê-o. Se quiseres ser escritor, sê-o. Não te prendas ao que os outros ladram. Falam sem saber, sem reparar, sem querer ser mais ou melhor. Mas no fim do passeio, quando já não houver calçada, já não podes ser quiseres; és o que quiseste.
Foste.

14 abril 2008

uma chaga

há um erro no sitema.. tudo fica encravado numa pergunta que não pode ser respondida. tudo se encerra lá. numa rua de janelas fechadas e olhos fechados. o que está fechado já acabou, deu tudo o que era seu ao mundo, mesmo que esse "tudo" fosse a vã tentativa de não dar nada a ninguém. deu e acabou. fechou, de lá não se tira mais nada. não se aprende mais nada. a cabeça partir-se-á contra o fim do beco. e tudo, ou cada coisa, chega ao horizonte real onde está o fim. sem resposta, ou com resposta impossível. sem caminho, será a única hipótese continuar a partir a cabeça na ilusão de que o fim não o seja? tudo se encerra, no impossível que seria ultrapassar o fim. e tudo acaba na impossiblidade. tornar possível? achar possível?
entretanto ainda vai haver estrada por onde me perder.

Liberdade

É óptimo ser livre. E seria óptimo ser totalmente livre; o único problema, que não é pequeno, é que teríamos de aguentar uma muito maior pressão.
Algumas pessoas não sabem usar a sua liberdade e usam-na mal, estragando a dos outros. É pena. Mas a liberdade não deixa de ser a melhor coisa do mundo, para quem a sabe usar.

Fernando Pessoa: "aconteceu-me um poema"

07 abril 2008

05 abril 2008

catástrofe

já nada me enche as entranhas sujas, senão tu. tudo o que penso sobre mim será para ti, para me seres, melhor do que eu me sou. não corro, não vejo as luzes dos candeeiros voar às linhas e não sinto o vento a bater mais forte. não falo, só papagueio umas ideias parvas que só servem para mostrar como sou fraco. só te vejo a seres comigo um dia, mas vivo no quarto escuro ( e ninguém está lá fora a contar "um, dois, três" até entrar e me encontrar e aí acender a luz), no sujo meu, embora evitando luz falsa, estou nos olhos fechados e nas lâmpadas partidas.

03 abril 2008

02 abril 2008

quanto

- quanto vale dizer "és meu amigo."?
- o mesmo que um abraço.

01 abril 2008

A Janela


Queixas-te de estares fechada
num quarto repleto de nada,
num quarto que não te mostra o real,
mas apenas aquilo que querem que vejas.
Queixas-te de estares de quarentena desde que és,
de não conheceres nada nem ninguém,
nem mesmo o quarto.
Queixas-te de só veres sombras.
Sombras estranhas.
Sombras manipuladas.
Queixas-te,
mas quando abriste a janela,
e respiraste o ar verdadeiro,
o único que te encheu os pulmões,
tiveste medo
e voltaste a fechar aquela que era a tua entrada para o mundo.

01/04/08

caros amigos, pisei o paraíso.

já passaram alguns dias, mas sim, pisei o paraíso. melhor, fiquei por lá uma semana. com mil anjos que falavam mil diferentes linguas e entendiam tudo, qual torre de babel plenamente edificada e completa. subi à torre durante 24 horas e lá cheguei. tudo era bonito, tudo. nada para nada servia, mas todos serviam. todos cantavam numa sala de luz laranja, com mais de mil pessoas diferentes. mas cantavam o mesmo. cantavam uma força que enche o coração e que nos leva devagarinho a não sei onde. os olhos dos anjos eram olhos, e os meus só se conseguiam fechar, as mãos, mãos, e as minhas só se conseguiam abrir, em tudo esses anjos eram homens. as asas? não era preciso, já estávamos no céu. sim, meus caros amigos, visitei o paraíso na terra, na mesma terra onde se come pó e nada mais, onde explodem bombas demais, onde já ninguém olha nos olhos de ninguém com vergonha do que é, porque sabe que é podre. caros amigos, vi que os homens podres podem ver para além, vi que, apesar de ser no absoluto, pode haver uma esperança que faz mexer. e que por isso não adianta não dançar.

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