13 abril 2009

golos

os campos são verdes e cabem num rectângulo branco. um círculo branco no meio, e no meio do círculo uma bola. as bancadas com cores e gritos. vento e luz. o que interessa é marcar golos. correr sempre até cair, para trás, para a frente, para atacar, para defender. fintar, rir e dizer uns palavrõeszitos quando é falta, quando nos espetamos e quando falhamos de baliza aberta. o que interessa é marcar golos e não deixar que nos marquem a nós. eu entro em campo. tshirt, calções, meias até aos joelhos, umas boas botas. bem equipado, tive sorte. sei jogar? sim, quer dizer, mais ou menos, dou uns toques. o que eu quero, agora, é marcar golos. sim, vou marcar. sei marcar. sei que quero marcar. vou ganhar... ou perder, já não interessa tanto, o que interessa é que vou marcar. olho para a minha equipa. todos de igual. todos como eu. todos com medo. medo de enfiar a bola na baliza dos outros. medo de levar com boladas na cara, de rasteiras, de ataques dos adeptos, medo de falhar um corte. medo de marcar golos, de gritar e dar saltos mortais, tirar a camisola e beijar a aliança. medo. medinho. querem jogar, querem marcar, estão no campo, a bola já rola, o árbitro já apitou, e eles, nós, a nossa equipa não se mexe. tem medo. medo do golo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Porque ter assim tanto medo de um golo?

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