acordo e está tudo, nem bem nem mal, exactamente como queria. as janelas não saíram dos seus sitios, as mesas também não, a minha cama está igual, as divisões da casa são as mesmas. é mais um dia. não digo bom dia!, matem o bom dia!, ninguém sabe se o dia vai ser bom, e para quê desejar um bom dia a alguém se nem sabemos se queremos realmente desejar um dia bom. além do mais estou sozinho, não tenho ninguém com quem falar(talvez tenha) muito menos para desejar bom dia!.
 passo à frente: lavar dentes, banho e chega. sento-me na minha mesa, na única mesa, no seu verdadeiro sentido( tampo com um ou mais pés), olho para a janela e lá está a cidade em toda a sua maravilha, porca, desorganizada, suja. mas consegue, não me perguntem como, ser linda. se calhar é como nós, a nossa vida, porca, suja, desorganizada, sim porque eu não me canso de sujá-la e pisá-la, mas tão bela. é vida, caramba! tem de ser bela, porca mas bela.
 finalmente dou umas trincas nas torradas e bebo leite.  agora tenho o tempo que deveria ser oucupado pelo trabalho, serio, engravatado. que se lixe, não quero isso para mim. sento-me e escrevo, e aí não estou sozinho, quer seja ateu ou não, quer seja maluco ou não, não estou sozinho.  escrever de manhã é bom, mas difícil.
então saío de casa, e vou dar uma volta. sentir que já acordei, sentir que as coisas acontecem, sentir e tentar perceber quem sou, quem és  e quem somos, sinceramente é isto que me espanta são as "voltas" que vou dando. é magnífico. ouvir a canção do mundo, olhar e ver o filme do mundo, tocar no mundo, saborear o mundo, resumindo, perceber que sou parte do mundo.
Ai, belo passeio. volto a casa, agora sim já tenho que escrever, e por ai fico até ao almoço. Chegam as duas horas e eu começo a pensar nas pessoas. mas há quem me chame solitário. era fácil, de facto, lidar só com a minha vida, que por ser minha tolero. o difícil é tolerar e aceitar as vidas doss outros (diferentes, mas nojentamente iguais). então sim, lembro-me do almoço que tinha marcado com alguém e vou. depois volto e sei que foi bom. mas tenho um problema! o que é que se passa em mim quando estou com alguém? toda esta magia, toda esta espécie de arte que é a minha vida nunca é dada, nem oferecida a ninguém. - raiva em forma de pontos de interrogação seguidos de pontos de exclamação.- agora é tempo da música. é so pôr o disco, pôr  bem alto e ouvir, cantar, gritar. é tão bom perceber que nos discos estão vozes de pessoas que veêm o mundo de uma maneira tão parecida com a minha. são os meus amigos.
chega a noite. e das duas uma: 1. a cidade é ainda mais deslumbrante à noite, é mais frágil, é mais homem, portanto tenho uma optima oportunidade para dar uma das minhas voltas, neste caso, de caderno em punho. 2. não nada melhor que ler e escrever uma noite inteira, pelo menos é o que dizem, eu não sei, mas que é poético é sim senhor! não me decido e acabo por adormecer e até talvez sonhar e até talvez dormir.
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