13 fevereiro 2008

sentado ia, mais uma vez, eu. ias à minha frente e só no fim da viagem é que percebi, só no fim da viagem é que olhei para as tuas mãos nojentas, de unhas negras enormes, esburacadas, dedos finos e brancos. tu próprio nem parecias vê-las. vivias como se nada fosse, como se as tuas mãos não fossem tão aterrorizadoras como as de um assasssino que nada mais faz, sem ser matar com as próprias mãos:
- as mãos são o que se dá. todas são feias. ninguém gosta das suas mãos. tu só sabes ver o nojo, mas há quem as acolha.
Engoli em seco, continuei, a olhar para cima ou a fechar os olhos para não te ver, nem a ti nem às mãos, mas especialmente: nem aos olhos que me envergonhariam.

2 comentários:

T disse...

As nossas mãos são daquilo que temos de mais bonito. Dizes tu que "as mãos são aquilo que se dá", diria eu que são aquilo com que se dá. Todo o meu dia é vivido com as minhas mãos, são as minhas mãos que me deixam entregar-me em tudo o que faço. Para mim, as mãos são muito importantes... Realmente, as mãos dizem mesmo muito sobre uma pessoa! Arranjo as unhas poque me dá gosto olhar para mãos bonitas. Gosto de ver mãos bonitas como gosto de sentir mãos fortes! Pode ser piroso passear de mãos dadas, mas e então a primeira vez que deste a mão a quem mais querias dar a mão?
Mãos não são de todo nojentas, podem estar um bocadinho sujas, mas nada que não se lave!

Anónimo disse...

As mãos são a primeira coisa que eu reparo em alguém. Adoro as minhas mãos e as mãos das pessoas de quem gosto. Com as mãos sentes, agarras, tocas, escreves, desenhas, pintas, constrois... Com as mãos dás, com as mãos recebes. Podes dar o melhor que há em ti, podes receber o melhor de alguem, com as mãos.

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