18 fevereiro 2009

não levar a música muito a sério, nem a alegria

ser sério pode ser importante. mas não agora. venham-me dizer que a felicidade é ser tão profundo como o oceano ou tão sério como um bocado de madeira, que eu vos digo. quando ando à procura de alegria, não ando à procura da metafísica do que quer que seja, ando a cantar sobre o verão, a dançar e a brincar. e na felicidade eu quero alegria, ou melhor, queria.

3 comentários:

JR disse...

Defender a alegria como uma trincheira
defendê-la do escândalo e da rotina
da miséria e dos miseráveis
das ausências transitórias
e das definitivas

Defender a alegria como um princípio
defendê-la do pasmo e dos pesadelos
dos neutrais e dos neutrões
das infâmias doces
e dos diagnósticos graves

Defender a alegria com uma bandeira
defendê-la do raio e da melancolia
dos ingénuos e dos canalhas
da retórica e das paragens cardíacas
das endemias e das academias

Defender a alegria como um destino
defendê-la do fogo e dos bombeiros
dos suicidas e dos homicidas
das férias e do tédio
da obrigação de estarmos alegres

Defender a alegria como um certeza
Defendê-la do óxido e da manha
Da famosa ilusão do tempo
Do negligente e do oportunismo
Dos proxenetas do riso

Defender a alegria como um direito
Defendê-la de deus e do Inverno
Das maiúsculas e da morte
Dos apelidos e dos lamentos
Do azar e também da alegria.

Mario Benedetti

Anónimo disse...

ADORO este blog, tenho pena quando param de escrever. Nao parem, continuem! parabens

rita disse...

Little joy!

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