14 janeiro 2008

o Mundo e o Amor

já não tenho mais dúvidas. o Mundo que parecia, há uns tempos, tão bom já não o é. este Mundo do nosso tempo, e já não tenho dúvidas, é um homicida, um assassíno. já matou, enforcou, esfaquiou, torturou. finge, mente, controla, e tem todo o poder. na sua lista de vítimas estão as palavras, que matou banalizando-as, fazendo com que o seu sentido reduzisse de tamanho e de importância. as palavras já não querem dizer nada, nunca ninguém vai conseguir dizer o que sente, é impossível, as palavras estão mortas. Foram mortas por este Mundo, pelo "normal", pelo "grátis", pelo "instantâneo".
este Mundo tem medo do eterno.
Venho, então, comunicar-vos qual é a proxima vítima deste Mundo, a derradeira vítima: o Amor. se o Mundo conseguir matar o Amor não sei o que será dele. e junto com ele, não sei o que será de nós. o mais preocupante é que o plano do homicídio já começou: o amor é bom, diz o Mundo, o que é bom não causa problemas, logo numa relação onde haja problemas não há Amor. o Amor, tal como tudo, diz o Mundo, é uma "cena" do momento. o Amor, diz o Mundo, é para proveito pórprio. o Amor pode ser rejeitado. o Amor é uma questão de sorte. o Amor é encontrar o parceiro ideal, com o corpo ideal, com a personalidade ideal. o Amor é a satisfação de uma necessidade afectiva. o Amor é a química. o Amor é um prémio. o Amor é sexo.
aí este Mundo! este Mundo que matou as palavras, que proclama o banal, e que pelas tardes vê a MTV.
Eu não vou deixar, não posso deixar, tenho de me fazer ouvir, tenho de me fazer ouvir! Eu não sei existir sem Amor, eu não vou deixar que o matem! O Amor que não posso definir, com medo de me encontrar fruto do Mundo.
ó Mundo, não vais vingar sem Amor, não vai haver pessoas, vão haver corpos, não vai haver vida, vai haver movimento mecânico, não vai haver nada, nada! tu próprio vais morrer.
e tudo isto, porque tens medo do eterno.

1 comentário:

il macchinista disse...

o amor não tem tamanho, é pleno, infinito. o mundo, pelo contrário, é tão pequeno quanto a sua finitude. nada pode o mundo contra o amor. não te preocupes. quanto às palavras, também elas não morrem. basta não ter medo delas.

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